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 O Corvo voava, enquanto sentia, suas penas cortarem a resistência do vento. Ele sentia que poderia ir a qualquer lugar, e a qualquer tempo. Como se essa fosse simplesmente realidade, com um véu, e ele pudesse ultrapassar sem esforço. E suas asas, eram como navalhas, prontas para cortar o véu. Dando espaço para aqueles que o seguem, porque apesar das suas palavras de solidão e a escuridão em sua alma. Ele sabia, que outros vinham atrás, à procura daquilo que não podia ser achado. Vendo na luz, a escuridão, que tanto ansiavam e se alimentavam. O Corvo os via, mas não os enxergavam. Eram como fantasmas, de almas infantis, que foram perdidas no Mundo. Que não riam mais, mas choravam lágrimas que não caiam. Sofriam, dores que não eram suas, que colecionavam sorrisos falsos. Enquanto que em vão, tentavam encontrar os seus próprios. Mas o Corvo sabia, que eles nunca iriam encontrar, para sempre o seguiram. Entre o véu dos Mundos, mas o Corvo não se importava. Ele era o guia da escuridão, aquele que afugentava a luz, era seu trabalho e carga. Mas nem por isso ele se cansava, cada bater de asas, eram palavras que se libertavam. Palavras, de almas que não tinham voz, que eram caladas pelo tempo e os outros. Mas nas asas do Corvo, se viam a voar, até que caiam nos ouvidos e mentes daqueles que já foram ignorados. O Corvo espalhava sabedoria e paixão, junto com sua escuridão.


Os olhos do Corvo brilhavam, enquanto adentrava em um novo Mundo. Um cheio de dor e sofrimento. Mas que a luz parecia brilhar, com as mentiras contadas para fazer sorrir. Rosto de cera, sem emoções e somente um sorriso vermelho no rosto. Como se não existisse dor, como se não vissem o sofrimento à sua volta. O Corvo chorava, ao ver essa cena. Em ver o Mundo se destruir, em frente a tanto sorriso e otimismo, sem tristeza ou solidão existindo. Onde a escuridão não tinha vez, onde ter um sorriso era importante, mas ser fiel a si mesmo não era. Eles mentiam para si e para os outros, como se às mentiras pudessem acabar com sua dor e solidão. Como se não aguentasse a verdade, mas o Corvo sabia, o que tinha em seus corações. E não eram coisas boas, iam além da escuridão, neles havia falsa felicidade. Como se tudo fosse perfeito, como se suas vidas fossem simples. Como se o medo e a solidão não existissem, quanto mais o Corvo voava, mais falsa felicidade via. Os padrões se espalhando, como se houvesse um jeito de ser e todos fossem bonecas de porcelana. Que cada parte do seu corpo era perfeito, que não havia mudanças, que o diferente era o condenado. Foi então que o Corvo parou, ao ver a escuridão reinando sobre uma montanha, lentamente ele se aproximou. E quanto mais sentia próximo chegava, mais podia sentir aquela escuridão, que parecia renovar suas penas. E lhe dar vida, e então solenemente se assentou numa árvore. E seu coração, se encheu de emoção, com que via em sua frente.


Era a mais perfeita arte que o Mundo poderia ter feito, uma comunidade, de pessoas que não sorriam e não eram porcelana. Algumas choravam, outras estavam sérias, mas o Corvo percebia que elas estavam felizes. Que expressavam sua escuridão, às artes em volta daquele prado eram a beleza pura. Dor, raiva, sofrimento e medo. Brilhavam nelas, mas o Corvo também via, calma, serenidade, paciência e paz. Porque elas eram, o que eram, sem se esconder e sem ser prejudicadas. Eles eram fiéis a si mesmos, e o Corvo, se sentiu esperançoso. Porque talvez essa realidade ainda pudesse mudar, poderia voltar a ser verdadeira. Foi então que um deles começou a cantar assim:


“ - Com Um Sorriso Eu Nasci

Mas não era o que senti

Quando tudo que quis foi chorar

Não podia, e só sorri


Sofri atrás de um sorriso

O sorriso vermelho da porcelana

Me feria, como vidro

Meu coração chorava

Enquanto que meu rosto sorria


Mas então, a escuridão chegou

Minha pele se partiu

Minha porcelana se desmanchou

Meu sorriso derreteu

E na Escuridão me encontrei


Quando quero chorar, eu choro

Quando quero rir, eu rio

Quando quero gritar, eu grito

Mas não abro um sorriso

Porque não sou mais porcelana


Nunca mais vou sorrir

Porque meu sorriso se foi

Não mentirei e não enganarei

Por um simples sorriso

Viverei sem sorrir

Porque não sou mais porcelana


Então meus olhos serão minha boca

Minha felicidade, será minha escuridão

Dos meus lábios só saíram verdades

Na solidão, eu me encontro

Nem por isso choro


Se estou a chorar, é por outro

Por aqueles que são Porcelana

Aqueles, que viver não podem

Que sentir é pecado

E sofrer é errado


Então volto meus olhos para o céu

E agradeço a escuridão

Que me acalenta

E que me cobre com seu manto


O Corvo então voou, com esperança no coração, e com a música cantando em suas asas.


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